quarta-feira, 20 de julho de 2016

O que é Educação?




Olá! Hoje resolvi fazer uma postagem especial sobre o livro "O que é Educação" de Carlos Brandão, um resumo do livreto desse antropólogo que explica a educação ou as educações das mais diversas formas, compreendendo o contexto social do ato de aprender-ensinar. 

No início do livro, Brandão destaca a sociedade indígena para esclarecer que não existe um modelo único e adequado de educação, existem educações para cada realidade e cada sociedade exige a formação de seus indivíduos, conforme o papel social que o mesmo irá exercer dentro dela. O autor retrata os diferentes modos de ensino-aprendizagem, exemplificando o não formal e centralizado dentro das aldeias, que às vezes passa despercebido, por não ser institucionalizado, e conduz para a compreensão do espaço educacional, da escola com ensino especializado e formal. 

Em outro momento, o livro traz a história da educação na Grécia, que ao longo do tempo, desprende-se da prática coletiva, de modelo militar para nobre, partindo para a democratização do saber onde qualquer menino livre podia utilizar-se da escola aberta, embora na prática, os pobres aprendessem fora das escolas seus futuros ofícios. E assim, o aprendizado partiu da educação familiar à dada pelo Mestre-escola (lecionava letras e contas) e pelos escravos pedagogos, que cuidavam da educação das crenças e preceitos da sociedade, acompanhando sempre o jovem. Também são apresentadas as Escolas superiores dos filósofos sofistas que democratizam um ensino superior e remunerado. Enfim, a educação clássica grega voltava-se para que a cultura da cidade fosse incorporada ao cidadão, e cabia a escola essa ação do meio sociocultural sobre o sujeito. Na sequência o autor apresenta a educação em Roma, por muito tempo os romanos praticavam uma educação familiar, para orientação moral dos jovens e aos poucos se deparam com os mestres-pedagogos e o ensino voltado para instruir, montado no mercado para vender o saber (ler e contar) como mercadoria (lojas de ensino), só depois do cristianismo surge a escola pública. Assim brota um modelo, onde a educação da criança menor ficava com os pais, depois de seus sete anos passava a ser feita na loja de ensino, quando chegava aos doze anos passava para a escola de “gramática”, e com dezesseis à escola de “leitor”. 

Após o aparato histórico, somos convidados a perceber o conceito de educação de diversos pontos de vista, desde a definição no dicionário, ao descrito em legislação até chegar à concepção dos seus praticantes; além de criticar a maneira de pensar a educação de forma não concreta, subjetiva ou que não condiz com a realidade social. O autor defende o pensamento de Durkheim de educação como prática social, não existindo uma educação universal, um modelo de educação único e perfeito, que serve a qualquer pessoa, afinal a sociedade cria e impõe o modelo que necessita. E em dado momento do texto, o autor chama a atenção para a ideia da educação para a mudança social, transformadora da sociedade, ao mesmo tempo em que alerta que pensar nela como única mudança necessária é utopismo pedagógico. Discorre sobre a difícil tarefa de julgar para que e quem a educação serve, uma vez que o discurso legal subjuga-se na inconsistência de se querer uma educação igualitária numa sociedade classista, onde quem governa defende interesses econômicos e políticos da classe dominante. 

Brandão expõem que na tentativa de democratização do ensino brasileiro foram criadas escolas públicas onde todos teriam direito a educação, porém, acabou por ser aporte do novo modelo industrial que aqui se instalava, mantendo a divisão de classes nas salas de aulas. O autor termina afirmando que embora exista uma educação escolar dominante, determinada e fora do controle de quem a pratica, também existe educação superior aos sistemas, que desafia o controle formal sobre a educação. A educação fora das classes demonstra a resistência do oprimido sobrepujando seus ensinamos comuns na comunidade em que vivem, criando e recriando sua educação, mantendo seu próprio saber livre, não institucionalizado, aceitando assim as diversas formas de educar.




Gostou? Então vai ler o livro que é ainda melhor!

Até a próxima!


Referência:
BRANDÃO. Carlos. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 2013.

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