Um assunto importante para discutir a educação e outros temas contemporâneos é a cultura. Uma vez que somos, ao mesmo tempo, produto e produtor da cultura a qual estamos inseridos, e essa cultura (e qualquer que seja) tem caráter dinâmico e contínuo no tempo e espaço, resolvi fazer essa postagem especial baseada no Livro de Laraia, intitulado "Cultura. Um conceito Antropológico". Lembrando que a cultura pode ser compreendida como um processo acumulativo, que determina a forma de comportar-se através da aprendizagem de costumes e normas partilhadas de geração em geração, preocupando-se em manter certa uniformidade, coerente entre o grupo, respeitando suas limitações biológicas, sabendo que não são fatores determinantes, tal como o fator geográfico.
O livro está disposto em duas partes, a primeira “Da Natureza da Cultura ou Da Natureza à Cultura” desdobra-se em seis capítulos para discutir a origem da cultura, seus conceitos e teorias. Nesse momento, o autor explica a falta de fundamento do determinismo biológico, pois nem a genética nem traços psicológicos vão determinar, e sim influenciar, os comportamentos dos indivíduos; e do determinismo geográfico, uma vez que a localização ou clima não vão determinar o modo como dada cultura vai se comportar, corroborando com isso percebe-se a existência de diversas culturas num mesmo ambiente físico. Laraia faz uma contextualização histórica sobre a origem do conceito de cultura, desde o primeiro conceito antropológico criado por Tylor, que defendia o caráter de aprendizagem cultural e não uma determinação nata do sujeito.
O livro está disposto em duas partes, a primeira “Da Natureza da Cultura ou Da Natureza à Cultura” desdobra-se em seis capítulos para discutir a origem da cultura, seus conceitos e teorias. Nesse momento, o autor explica a falta de fundamento do determinismo biológico, pois nem a genética nem traços psicológicos vão determinar, e sim influenciar, os comportamentos dos indivíduos; e do determinismo geográfico, uma vez que a localização ou clima não vão determinar o modo como dada cultura vai se comportar, corroborando com isso percebe-se a existência de diversas culturas num mesmo ambiente físico. Laraia faz uma contextualização histórica sobre a origem do conceito de cultura, desde o primeiro conceito antropológico criado por Tylor, que defendia o caráter de aprendizagem cultural e não uma determinação nata do sujeito.
No desenvolvimento do conceito depara-se com a percepção evolucionista linear, um conceito de caráter etnocêntrico que acreditava na hierarquização da evolução de culturas, em que cada cultura passa por etapas até tornar-se avançada. Segue para um discurso de relativismo cultural, permanecendo a ideia errônea de evolução multilinear, na qual se acreditava num avanço paralelo, mantendo então comparações discriminatórias entre as culturas. Em contraponto, nessa visão desenvolve a ideia do particularismo histórico, aceitando que os eventos históricos influenciarão a cultura e farão com que a mesma siga por caminhos distintos. Finaliza aceitando que origem da cultura deu-se de forma lenta e contínua, desenvolvendo-se simultaneamente com a evolução da humanidade. O autor expõe teorias modernas sobre cultura com o intuito de sintetizar e reconstruir seu conceito, demonstrando o sistema adaptativo da cultura e as teorias idealistas de cultura. Destaca a abordagem idealista de cultura com sistemas simbólicos, admitindo que todas as pessoas estivessem geneticamente propícias a se adaptar a qualquer cultura, portanto que desde recém-nascida seja socializada pela cultura existente.
A segunda parte do livro reflete sobre “Como opera a Cultura”, dividida em cinco capítulos, demonstra como o homem é influenciado pela visão de mundo que lhe é apresentada pela cultura pertencente, revelando a possível consequência do etnocentrismo, de crer que sua cultura é superior a dos outros e discriminá-los. Comenta como a crença cultural pode influenciar no biológico, citando as doenças psicossomáticas. Revela que a participação de uma pessoa dentro do próprio grupo é inevitável e que sempre deve existir o mínimo de interação; e que essa participação é diferenciada e ninguém pode participar de forma plena de todos os elementos de sua cultura, explicando que essa diferenciação ocorre por questões cronológicas ou estritamente culturais. Logo depois o autor esclarece que comportamento social mantém suas próprias concepções, a cultura segue uma lógica própria, e entender essa lógica permite auxiliar na compreensão de uma cultura diferente. Por fim, Laraia destaca o caráter dinâmico das culturas, lembrando que as mudanças são inevitáveis e podem ser internas ou resultado do contato de uma cultura com outra. A mudança nos padrões sociais perpassa do padrão considerado real para o ideal, ou seja, quando as mudanças chegam a uma dimensão que modifica o comportamento e tem uma carga significativa, torna-se capaz de mudar o próprio padrão ideal social.
O livro tem uma linguagem simples e com muitos exemplos, permitindo uma compreensão geral e, ao mesmo tempo, reflexiva da cultura e suas diferenças, oportunizando um olhar diferenciado na análise das diversas comunidades.
Gostou? Leia o livro!
Referência:
LARAIA, Roque de Barros. Cultura. Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zathar Editor, 2001.
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